quinta-feira, 17 de setembro de 2015

HÁ UM DEUS QUE REVELA!

O capítulo dois do livro de Daniel é, ao mesmo tempo, histórico e profético. É o segundo ano de reinado do rei Nabucodonosor. Ele teve um sonho e acordou tão perturbado ao ponto de não se lembrar de absolutamente nada do sonho, mas estava convicto de que se tratava de um sonho importante e não conseguiu dormir mais. Mandou chamar os magos, os encantadores, os feiticeiros e os caldeus. Todos se apresentaram ao rei, que estava muito angustiado e certamente oprimido.
O rei diz a eles que teve um sonho e está aflito para saber logo o seu significado. Mas não diz que não se lembra do sonho. Ele quer que seus assessores lhe digam o sonho e sua interpretação. A princípio eles não entendem o que o rei quer, e insistem com o rei para que conte o sonho. O rei, já irritado com a situação, acha que estão querendo ganhar tempo porque não sabem o sonho e ele entende que com o título que cada um tem é sua obrigação adivinhar o sonho. A tirania do homem ímpio, que tem poder nas mãos, faz com que ele transfira o seu problema para os outros e se ache no direito de matar e destruir aqueles que não satisfazem os seus desejos, ainda que seja uma missão praticamente impossível. Por outro lado, quer comprar soluções para o problema com presentes.
Os sábios do rei, com sua proverbial falta de humildade e sabedoria, declaram: “não há mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei exige”, ou seja, se nós não podemos resolver o problema, ninguém pode, esquecendo um princípio básico deste assunto: se o sonho foi dado por Deus, só Deus pode revelar a outra pessoa e dar o discernimento. Estas palavras aumentaram ainda mais a ira do rei que mandou fazer um decreto condenando a morte todos os sábios da Babilônia, inclusive Daniel que não tinha nada com isto nem foi chamado à presença do rei.
O encarregado do rei de anunciar o decreto foi quem colocou Daniel a par do acontecido. Daniel foi ao rei e lhe pediu um pequeno prazo para lhe trazer a solução do problema. O rei atendeu Daniel, o qual voltando para casa convocou seus amigos para um tempo de oração diante de Deus. Então foi revelado o mistério numa visão dada a Daniel e também a interpretação. Daniel e seus amigos ficaram mais um tempo diante de Deus, louvando o seu glorioso Nome!
Deus deu o sonho ao rei; o inimigo interferiu roubando o sonho da mente do rei; os sábios convocados não deram conta do recado; Daniel, homem de Deus, quebra a opressão, trazendo, pela oração, tudo de volta para Deus. Daí por diante, é Deus revelando ao rei que Ele, Deus, é o Senhor da história e tem tudo em suas mãos. Depois da intercessão, da resposta e do louvor, AÇÃO! Daniel vai ao encontro do rei com a solução. Depois de ouvir Daniel o rei dá o seu testemunho: “Há um Deus que revela!”.
O sonho, apresentado aqui de maneira objetiva, diz respeito ao que há de ser nos últimos dias.
O rei viu uma grande estátua, de esplendor excelente, de pé e terrível à vista.
A cabeça era de ouro fino, o peito e os braços eram de prata, o ventre e as coxas de cobre, as pernas de ferro e os pés em parte de ferro e em parte de barro.
Uma pedra, cortada, não por mão, que feriu a estátua nos pés e os esmiuçou, esmiuçando também o ferro, o barro, o cobre, a prata e o ouro. E o vento os espalhou e desapareceram totalmente, mas a pedra transformou-se em um grande monte que encheu toda a terra.
A interpretação (o que há de vir):
A cabeça de ouro – o império Babilônico representado por Nabucodonosor;
O peito e os braços de prata – um reino inferior. Um império duplo (braços), mas unido (peito) – representado pelo Império Medo-Persa (Ciro);
O ventre e as coxas de cobre – outro reino mais inferior ainda – Representado pelo Império Grego (Alexandre);
As pernas de ferro – representado pelo Império Romano, começou com uma unidade, mas depois se dividiu. Um reino forte que quebra tudo, porém mais inferior ainda (decadência);
Os pés e os dedos de ferro e barro – não mais um império mundial, mas um reino dividido, muitas nações, umas fortes e outras fracas (Primeiro mundo e Terceiro mundo). Representa o tempo que estamos vivendo. Tempo da maior decadência em todos os sentidos. Quando se completar o tempo “dedos”, virá a PEDRA, que é JESUS. Terá chegado ao fim o domínio dos gentios.
A Pedra:
– Virá do Alto – procede de Deus
– Sem mãos – providência Divina
– No tempo presente – breve virá
– Examinará (esmiuçará) e consumirá
– Não será jamais destruído
– Não passará a outro povo
– Será estabelecido para sempre
Glória a Deus, porque neste tempo do fim, tem aberto nossos olhos espirituais para vermos e entendermos os mistérios que estavam ocultos e agora se abrem para nós! Deus é o Senhor da história universal, Ele está no comando!
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 30/07/15, http://catedralmetodista.org.br/colunas/ha-um-deus-que-revela/

DANIEL, A COMIDA REAL E OS JUDEUS FIEIS

Algumas informações preliminares:
Significado do nome Daniel, em hebraico: Deus é meu Juiz
Tema do Livro de Daniel: A Soberania do Senhor sobre todas as Nações
Autor: O próprio Daniel
Data provável da escrita: 535 a.C. (fim do cativeiro)
Versículo chave: cap. 4:34-35
Idioma – Aramaico, a língua falada pelos hebreus na Babilônia
Tipo de Livro: Profético e Apocalíptico
Ênfases da vida de Daniel: Vida pura, vida santa, estudioso da Palavra, praticante do Jejum e da Oração
O livro de Daniel tem capítulos históricos e capítulos proféticos. O capítulo 1º é histórico e nos fala da tomada de Jerusalém por Nabucodonosor. Nesta época Joaquim era rei em Judá, e  Jeremias o profeta do Senhor. O livro de Daniel foi escrito pelo próprio Daniel durante o cativeiro de 605 a.C a 535 a.C. Estima-se que Daniel tinha aproximadamente 16 anos quando foi levado para a Babilônia. Daniel mais três amigos, Hananias, Misael e Azarias eram palacianos e pertenciam à classe nobre. O rei Nabucodonosor gostava de ser bem assessorado e exigia que só os melhores trabalhassem para ele. Depois de examinar os candidatos escolheu Daniel e seus amigos, que já tinham um excelente curriculum, mas ainda teriam que fazer uma espécie de aperfeiçoamento por três anos, incluindo aí o domínio da língua falada, a adaptação à cultura, usos e costumes dos babilônios. A seguir a relação dos sete requisitos estabelecidos pelo rei Nabucodonosor que demonstram um elevado padrão de conhecimento e comportamento nas áreas social, física e intelectual:
  1. Perfeitos (sem defeito),
  2. Boa aparência,
  3. Bem instruídos e sábios,
  4. Doutores em ciência,
  5. Portadores de conhecimentos gerais,
  6. Competentes,
  7. Ensináveis (facilidade e disposição para aprenderem rapidamente a cultura e língua dos caldeus).
Os quatro jovens foram então encaminhados ao Palácio Real com direito a tudo do bom e do melhor à disposição. Tiveram seus nomes mudados em homenagem aos deuses da Babilõnia Bel, Nebo e Aku; numa estratégia para forçar a uma melhor e mais rápida adaptação na nova corte. Daniel passou a se chamar Beltessazar, Hananias, Sadraque; Misael, Mesaque e Azarias, Abede-Nego.
Discernindo Daniel que por trás de tudo havia um plano, nitidamente de inspiração do maligno, incluindo o costume dos babilônios de consagrarem seus alimentos aos ídolos, ele e seus amigos assentaram em seus corações não se contaminarem com as iguarias do rei, mas se abster, comendo apenas legumes e bebendo apenas água. E Deus se agradou deste propósito e deu graça e misericórdia a Daniel.
O responsável pelo treinamento destes jovens argumentou contrariamente apelando para a lógica e para o emocional. Da parte de Daniel houve firmeza espiritual e ousadia. Daniel foi colocado à prova por dez dias. No décimo primeiro: vitória e aprovação! Daniel não inventou uma dieta nova, mas se absteve de ser contaminado! E novamente Deus se agradou dos quatro rapazes e lhes deu: conhecimento, inteligência e sabedoria, e a Daniel entendimento espiritual ou discernimento.
Ao fim de três anos foram provados pelo Rei que os achou dez vezes mais doutos. Foram aprovados com distinção e louvor!
Vale a pena investir em nossos jovens e adolescentes no sentido, não só de estudarem como qualquer um, mas de se dedicarem, dando o máximo de si mesmos no seu preparo intelectual. Deus é fiel e certamente honrará os seus servos e servas.
Mesmo que o inimigo queira interferir, não há o que temer, a vitória é nossa em nome de Jesus! Mas há que permanecer humilde e firme no Senhor! O mundo oferece muitas coisas boas e ruins, temos que discernir e rejeitar aquilo que pode atrapalhar nossa fé e nossa caminhada. Cuidado com a rotina; ela nos leva a fazer as coisas no automático e assim perdemos o entusiasmo. Precisamos estar ligados ao Espírito Santo o tempo todo e saber que a todo momento seremos provados, e temos que ser aprovados com distinção e louvor!
Amém!
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 13/7/15, http://catedralmetodista.org.br/colunas/daniel-cap-1-a-comida-real-e-os-judeus-fieis/

COISAS PEQUENAS, PORÉM SÁBIAS

Ao longo do meu ministério pastoral, exercido desde setembro de 1977 até esta data, tive o privilégio de falar sobre a Palavra de Deus, buscando sempre a direção de Deus e a unção do Espírito Santo. Meu objetivo sempre foi falar de tal maneira que todos pudessem entender o que Deus estava falando ao coração de cada um. Não sei dizer quantas vezes falei, mas tenho colhido muitos frutos, especialmente, de vidas salvas pela pregação da Palavra, estudos, reflexões, meditações, vidas que entenderam, pela ação do Espírito Santo, que aceitando e confessando Jesus como Senhor e Salvador, não só estão salvas, mas aptas a caminhar em novidade de vida.
Sou muito grato a Deus por esta porta que se abriu para eu poder compartilhar com você o que Deus quer falar hoje ao nosso coração. Deus abençoe sua vida de maneira superabundante, tocando poderosamente seu espírito como tem feito comigo. Gosto muito quando estou lendo um texto e Deus começa a me mostrar algo que eu ainda não tinha percebido e logo vai se formando na minha mente e no meu coração uma palavra viva a ser entregue de alguma maneira ao povo de Deus.
Desta forma convido você a ler um texto no livro de Provérbios, capítulo 30, versos 24 a 28: “24- Quatro coisas há na terra que são pequenas, entretanto são extremamente sábias; 25- as formigas são um povo sem força, todavia no verão preparam a sua comida; 26- os coelhos são um povo débil, contudo fazem a sua casa nas rochas; 27- os gafanhotos não têm rei, contudo marcham todos enfileirados; 28- a lagartixa apanha-se com as mãos, contudo anda nos palácios dos reis”.
Formigas, coelhos, gafanhotos, lagartixas.
Que Deus formidável é este a quem servimos! Fala de coisas grandiosas e tremendas como também coisas pequenas, que para muitos nem merecem a atenção. Mas Deus diz que são “extremamente sábias”.
As formigas, Deus diz que são “um povo sem força”, um povo fraco, débil, TODAVIA preparam sua comida no verão, de modo que, quando vier o inverno estão estocadas e não precisam nem sair de casa. Nisto há sim grande sabedoria só percebida por quem presta atenção nas coisas pequenas. As formigas nos ensinam a sermos PRUDENTES E PREVIDENTES, e pensarmos no futuro. Um exemplo prático nos nossos dias: quem não contribuiu de maneira correta para a Previdência Social está recebendo menos do que devia, e alguns recebendo nada!
Os coelhos, também são um povo fraco, débil; sem condições de oferecer resistência a qualquer predador; mas Deus lhes deu duas pernas traseiras mais compridas, que lhes permite correr com grande agilidade, deixando o perseguidor para trás e se enfiando rapidamente na sua casa que é um buraco na rocha, onde só cabe ele. Ali está a salvo. Portanto o coelho nos fala de SEGURANÇA. A irmã americana Fanny Crosby, cega desde a infância, autora de milhares de hinos, em um deles, escreveu: “Que segurança tenho em Jesus, pois nele gozo paz, vida e luz”!
Os gafanhotos, diz o texto, não tem rei, não tem um líder declarado, ENTRETANTO voam todos enfileirados, porque Deus lhes deu espírito de corpo, de união, de disciplina. E disto a Igreja precisa e muito. Paulo, escrevendo aos efésios, capítulo 4, ensina sobre a unidade. Versos de 2 a 6: “com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando diligentemente guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação;  um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos”.
A lagartixa – podemos pegá-la com as mãos, embora muitos tenham nojo. Quando menos se espera lá está ela instalada atrás de um quadro ou no teto, não só de qualquer casa, como até nos palácios. Ela consegue isto porque é DISCRETA. Não faz barulho, não chama atenção, simplesmente entra e se instala. Crente que faz muito barulho, chama a atenção para si, fala demais e age de menos, sem sabedoria!
Pense nisto! Ponha isto que você aprendeu em prática na sua vida. Compartilhe com outras pessoas. É Palavra de Deus, não volta vazia!
Shalom!
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 30/06/15, http://catedralmetodista.org.br/colunas/coisas-pequenas-porem-sabias/

MAIS SOBRE O PERDÃO

No artigo anterior, tratamos sobre vários aspectos indispensáveis do perdão vertical, nosso para com Deus, lembrando que Deus é Santo, Santo, Santo e que nós precisamos nos santificar para entrar na Sua presença, começando com a confissão dos nossos pecados, clamor pelo poder que há no sangue de Jesus para nos perdoar, e declarando, pela fé, que estamos perdoados. Tudo isto tem a ver com a nossa necessidade de nos aproximarmos de Deus, seja para louvar, adorar, orar ou ministrar na presença do Senhor.
Agora precisamos pensar um pouco no perdão horizontal; o perdão necessário nos nossos relacionamentos do dia a dia, em casa, no trabalho, na escola, na igreja e mais aonde quer que seja. A Bíblia nos orienta sobre este assunto e pelo que se pode discernir, trata-se de algo seríssimo que pode causar enfermidades no corpo e na alma, que podem levar à morte.
Para melhor entendimento vamos examinar três parábolas contadas por Jesus que abrangem o perdão:
O Filho Pródigo – Lc. 15.18-19 – O pecado deste jovem começou lá trás, dentro da sua cabeça, na forma de pensamentos que foram sendo acolhidos e acalentados. Quando o rapaz foi conversar com o pai, ele já tinha tudo esquematizado e tinha “certeza” de que tudo ia dar certo, como planejado. No início, enquanto tinha caixa para bancar as despesas, tudo parecia ir bem. Foi quando o dinheiro acabou que o jovem começou a perceber que estava tudo errado. Veio então o sofrimento como nunca tinha experimentado antes. Ele caiu em si ainda a tempo e disse: “Levantar-me-ei e irei ter com meu pai e lhe direi: Pai pequei contra o céu, e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho, trata-me como um dos teus trabalhadores”. O pecado leva para a morte, mas o arrependimento e o perdão levam para a vida! Destaque para o amor do Pai!
Os Dois Devedores – Lc. 7.41-43 – um devia 500 denários e o outro 50 denários (1 denário = o salário de um dia). Os dois não tinham como pagar. O credor perdoou a ambos. Qual dos dois amará mais o credor? O que foi mais perdoado! Resposta correta.  O texto é auto explicativo. Destaque novamente para o amor de Deus.
O Credor Incompassivo – Aqui é bem mais complicado! Mt. 18-23-35 – O rei resolveu ajustar contas com seus servos. O primeiro devia dez mil talentos (muito dinheiro!). Não tendo com o que pagar, o rei ordenou que fosse vendido como escravo junto com mulher, filhos e tudo mais que possuíam. O servo se prostrou reverentemente e implorou paciência porque ele iria pagar tudo. O rei se compadeceu, mandou que fosse embora e perdoou sua dívida. Saindo do palácio real encontrou um conservo que lhe devia cem denários, o equivalente a 100 dias de salário; uma dívida infinitamente menor do que a dívida que o rei perdoou. Mas o credor mau caráter, agarrando o seu devedor o sufocava e disse: “Paga-me o que me deves”! O conservo caindo aos seus pés implorava: “Sê paciente comigo e te pagarei”. Ele não quis e mandou que fosse preso até pagar a dívida. Vendo os seus companheiros o acontecido, ficaram muito tristes e foram relatar tudo ao rei que logo mandou chamá-lo e lhe disse: “Servo malvado, perdoei aquela dívida toda porque me suplicaste. Não devias fazer o mesmo”? Indignado, o rei o entregou aos verdugos (o mesmo que algoz, carrasco), até que pagasse toda a dívida. No geral, a parábola atinge a grande injustiça de quem quer ser perdoado fingindo humildade, prometendo o que não iria cumprir, mas consegue emocionar o rei e sai totalmente livre daquela situação. Uma aparente vitória. Encontra alguém que lhe devia algum dinheiro e então mostra a sua verdadeira identidade: malvado, injusto, violento, de coração endurecido. Mas alguém contou tudo ao rei que agiu duro, merecidamente. Juízo de Deus.
Então neste texto encontramos algo bem importante:
  1. Quem não perdoa retém a bênção do não perdoado. Tudo que acontecer de ruim com o não perdoado será cobrado do não perdoador!
  2. O não perdoador será oprimido pelos verdugos com a permissão de Deus.
  3. A oração do Pai Nosso fica prejudicada por faltar veracidade na afirmação “e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado os nossos devedores.”
Por isto há em nossas igrejas muitas pessoas sofrendo de tantas coisas emocionais e espirituais, por falta de perdão, e ainda por cima levando outras pessoas a sofrerem também. Não vejo ninguém pregar sobre isto porque não dá ibope. Entretanto Perdão é um dos temas bíblicos da maior importância e também dos mais difíceis de ser ensinado. O principal motivo é que ninguém é treinado para isto. No “sistema mundo” isto é sinal de fraqueza. Se você quer perdoar ou ser perdoado, ore pedindo ajuda a Deus, sabedoria, domínio próprio.
Há, ainda, outro problema. É que a falta de perdão pode gerar uma raiz de amargura dentro de nós; e aí é preciso primeiro tratar disto. Eu aprendi na minha experiência pastoral que raiz de amargura deve ser tratada com o pastor que ouvirá sobre o problema, aconselhará, ungirá com óleo e imposição de mãos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, tantas vezes quanto for necessário para uma libertação completa. Depois disto será necessário um concerto entre as partes envolvidas, pedindo perdão ou concedendo perdão. Não dá para pular esta parte. Ela é bíblica e essencial à vida cristã. E, mais uma vez, a maior dificuldade é que ninguém é treinado para isto, nem em casa, nem na escola e muitas vezes, nem na igreja em que participamos. Perdão não é o mesmo que desculpa. Perdão é muito mais profundo. É uma atitude tomada diante de Deus, consciente e abrangente, sem qualquer barganha, mas pela GRAÇA! Perdão também pode significar restituição, devolução de algo que foi roubado ou tomado.
O Senhor te abençoe e guarde!
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 16/06/15, http://catedralmetodista.org.br/colunas/mais-sobre-o-perdao/

O EXERCÍCIO DO PERDÃO

Hoje em dia a maioria das pessoas que pesquisam e escrevem sobre relacionamento familiar concorda que nos vários níveis, entre marido e mulher, pais e filhos e entre irmãos, precisa ser exercitado o perdoar e o ser perdoado. “Precisa” não quer dizer que seja obrigado, nem da boca para fora, nem com palavras falsas para enganar o outro. Quando falamos de perdão estamos falando de algo bem específico cuja base é a Palavra de Deus e tem duas vertentes: a primeira, bem mais importante, é com relação a Deus e a segunda, como decorrência da primeira, é em relação às pessoas do nosso relacionamento, principalmente familiar.
Com relação a Deus encontramos na Bíblia toda a orientação do que Deus quer. Não temos que inventar nada, mas pedir a Deus discernimento. Levítico 1.1 diz: QUANDO alguém quiser oferecer holocausto a Deus, “fará assim:” (dois pontos). Então vem uma narrativa detalhada para ser obedecida. Podemos chamar este texto de uma liturgia de parte do culto judaico. A primeira parte começa em casa na escolha do animal que será apresentado ao Senhor para ser sacrificado. Se o ofertante tiver posse, sua oferta será um garrote ou um pequeno touro, o mais caro. Se for uma pessoa tipo classe média sua oferta será de porte médio, carneiro, cabra, etc. Se for uma pessoa pobre sua oferta será de rolinha ou pombinha. É uma provisão de Deus para que ninguém compareça à sua presença de mãos vazias. A partir daí o ritual se aplica igualmente para todos os ofertantes. Primeiro ele imobiliza o animal, impõe as mãos na cabeça do animal e confessa em voz audível todos os seus pecados, transferindo para o animal inocente a sua culpa. A seguir degola o animal, recolhendo o sangue numa bacia a qual será derramada em torno do altar dos holocaustos, porque sangue é vida e a vida pertence a Deus. O animal é cortado e limpo e entregue ao sacerdote que então o colocará no altar para ser todo queimado. Sobe uma fumaça que Deus diz ser agradável às suas narinas. E assim termina a primeira parte do ritual, que é a parte do perdão. O ofertante permanece próximo ao altar dos holocaustos e um dos sacerdotes de plantão, levando várias coisas, avança para o Santuário, passando primeiro pela Bacia de Bronze, onde lava os pés e as mãos, seguindo imediatamente para atravessar a porta do Santuário, porta de serviço. O culto (serviço) prossegue dentro do Santuário. E para que todos saibam que o sacerdote está ministrando a favor de todos que fizeram a primeira parte, há sinetas e maçãzinhas costuradas na barra da túnica da veste, de tal maneira que qualquer movimento faz com que as sinetas batam nas maçãzinhas e façam um grande ruído, indicando que o serviço sacerdotal está sendo feito, Aleluia!
Toda esta explicação é para termos uma ideia da importância do perdão para as nossas vidas. Infelizmente, com o passar tempo e a repetição dos mesmos atos (rotina) e o fato de nada acontecer de extraordinário, as pessoas foram esfriando na fé e o culto virou algo repetitivo e sem alma, o que desagradou profundamente a Deus, porque o povo de Deus passou a adotar ou imitar os povos vizinhos, se envolvendo na idolatria e deixando de fazer o que Deus orientou e consequentemente a falta de perdão, louvor inadequado, adoração nenhuma e a comunhão também acabou. Era necessário levantar uma liderança com a visão da Palavra e poder de Deus para uma restauração.
Quanto a nós? Primeiro sabemos que o sacrifício de animais apontava profeticamente para o sacrifício de Jesus na cruz, feito uma só vez e de uma vez por todas. Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! Precisamos sim nos apropriar do poder do sangue de Jesus clamando por perdão, salvação, cura e libertação.
Segundo, podemos perceber na narrativa dos holocaustos o quanto é importante, sério e eficaz, que aprendamos a colocar em prática, como Paulo ensina na carta aos Romanos 12.1: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apesenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz à igreja!).
Por outro lado, entendemos que as pessoas que estão em paz com Deus e aprenderam, pela Palavra, a estar sempre pedindo perdão a Deus e clamando pelo poder que há no sangue de Jesus, terão muito mais facilidade em lidar com o perdão a nível pessoal. Quanto a isto temos ainda alguns comentários a fazer:
No Novo Testamento, em Atos 2.38, no fechamento da mensagem de Pedro sobre o que estava acontecendo naquele dia de Pentecostes, quando os judeus, depois de serem confrontados com o fato de que o Jesus que eles crucificaram, não é outro senão o Messias, ressurreto, vivo e presente entre os que o aceitaram, perguntam: o que faremos, irmão? Então Pedro responde com toda a autoridade e unção do Espírito: arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados.
Perdão não é algo que surge assim de repente, do nada, mas é uma espécie de processo que se inicia sempre com arrependimento, segue com confissão específica, pedido de perdão e propósito de não repetir o erro. Muitos acham que perdão e desculpa são a mesma coisa. Na realidade não são. Na desculpa nem sempre há culpa. Geralmente é algo mais superficial, embora importante, que fique resolvido. Outra coisa é que perdão não funciona enquanto houver raiz de amargura, raiva, rancor, ódio, etc. Faz-se necessário trabalhar primeiro estes sentimentos. A raiz de amargura deverá ser tratada em encontros individuais com o pastor, envolvendo arrependimento, confissão, imposição de mãos, unção com óleo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, sendo às vezes necessário várias seções para uma libertação completa.
Ao falar do perdão bíblico, nos referimos ao nosso relacionamento com Deus que começa quando aceitamos Jesus como nosso único Senhor e Salvador. Então surge a percepção de que “todos pecaram” e para continuar a viver a vida cristã precisamos crucificar a “velha criatura” dominada pelo “pecado original” o qual é tratado no Batismo, quando nasce uma “nova criatura” que vai poder andar em “novidade de vida”. A partir daí precisamos aprender a lidar com o pecado do dia a dia. Se não podemos evitá-lo, podemos tratá-lo, nos arrependendo, confessando e clamando pelo poder que há no sangue de Jesus. Isto é suficiente para nos dar acesso à presença de Deus e assim oferecer nosso culto, louvor, orações, e tudo o mais.
A parábola do filho pródigo, contada por Jesus em Lucas 15.18-19, diz que em certo momento o jovem caiu em si, percebendo o erro que cometera, arrependeu-se e declarou humildemente: “levantar-me-ei e irei ter com meu pai e lhe direi: Pai pequei contra o céu, e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho, trata-me como um dos teus trabalhadores”. Isto resume tudo!
E que Deus abra o nosso entendimento!
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 01/06/15, EM http://catedralmetodista.org.br/colunas/o-exercicio-do-perdao/

SEREIS MINHAS TESTEMUNHAS

Os Evangelhos falam da vida de Jesus.
O Livro de Atos fala da vida da Igreja de Jesus.
Logo no início de Atos, capítulo 1, verso 8, encontramos a orientação básica para a Igreja de Jesus que viria ser a Igreja chamada Primitiva, por ser a primeira, e Apostólica, porque era dirigida pelos Apóstolos, chamados e treinados por Jesus. Diz o texto mencionado, palavras do próprio Senhor Jesus: “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”.
Quero destacar as palavras: poder – descer – Espírito Santo – testemunhas – tanto – Jerusalém – Judéia – Samaria – confins da terra.
Poder – é poder espiritual que quem é batizado com o Espírito Santo recebe;
Descer – porque vem do alto, do céu e vem para ficar até o arrebatamento da igreja;
Espírito Santo – é Deus;
Testemunha – pessoa que conta, simplesmente, o que aconteceu porque viu, ouviu, ou presenciou, sem inventar nada;
Tanto – da mesma forma; Jerusalém – lugar onde estão naquele momento; representa também o lugar mais próximo;
Judéia – uma região mais abrangente, alcançando algumas cidades, como se fosse um estado; representa também um lugar à média distância;
Samaria – um lugar mais difícil porque judeus e samaritanos não se relacionavam; representa também o lugar mais distante;
Confins da terra – representa qualquer outro lugar em toda a terra, inclusive fora de Israel.
Temos aí uma orientação bastante clara e para bastante tempo, segundo a qual, há muito para ser feito.
Orientação de Deus é para ser obedecida sem questionamentos.
Na prática, o que aconteceu? A Igreja de Jesus em Jerusalém era uma bênção, era muito boa, prazerosa e o povo foi ficando lá mesmo, DESOBEDECENDO à ordem de Jesus de SAIR DE  JERUSALÉM! Ir para a próxima orientação – Judéia. Mas não foram.
Vamos ler, então, Atos 6.1 a 6.7, 6.8 a 6.15, 7.1 a 7.60, 8.1 a 8.3. O que temos aí?
Primeiro um conflito na área social, as viúvas não judias estavam sendo discriminadas, na distribuição dos alimentos e daí houve murmuração na igreja, algo muito sério. A solução veio rápida, com a eleição dos diáconos, o que resolveu o problema. Segundo, com o passar do tempo, alguns diáconos se tornaram excelentes evangelistas, destacando-se Estevão, que além de evangelista, era um grande debatedor. Alguém conhece este ministério de “debatedor”? Não, porque não existe e não funciona.
Temos que PREGAR a Verdade, e não DISCUTIR sobre a Verdade. É perda de tempo e só causa ira e vingança. Foi o que aconteceu com Estevão. Foi levado a julgamento, onde se saiu muito bem em sua defesa, mostrou um conhecimento extraordinário sobre as escrituras e a história do povo hebreu, mas foi condenado a morte assim mesmo porque o Sinédrio fez trapaça. Estêvão foi levado para fora e imediatamente apedrejado até a morte! Em terceiro lugar aparece, pela primeira vez, a figura de Saulo, presente na execução de Estêvão, como testemunha dos judeus. Estes acontecimentos deram origem a uma grande perseguição contra a Igreja com uma participação feroz de Saulo. Assim, o povo de Deus teve que fugir de Jerusalém às pressas e se espalharam por várias cidades vizinhas, onde continuaram a viver a vida cristã, plenamente, dando o testemunho de fé conforme era a vontade de Jesus.
Numa leitura superficial dos textos mencionados neste artigo alguns irmãos poderão atribuir ao inimigo tanto a morte de Estêvão quanto a perseguição que se seguiu. Mas a realidade não é esta. Estêvão deu o maior testemunho que alguém pode dar, descrevendo em alta voz a visão do céu aberto que estava tendo e na sua última intercessão, orou por aqueles que o condenaram e pelos que o apedrejaram. Só um homem de Deus, usado pelo Espírito Santo podia fazer o que Estêvão fez! Tudo estava sob o controle de Deus! Esta é a verdade! Tem, ainda, a presença de Saulo que assistiu a tudo bem de perto. Creio firmemente que foi aí que Deus começou a apertar o seu coração até ele cair do cavalo (cap. 9) e dizer a Jesus, “o que tu queres que eu faça”? Esta Obra é de Deus!
Houve sim desobediência da Igreja quanto à orientação de Atos 1.8. Mas a Igreja reagiu, Deus abençoou e a Sua vontade prevaleceu!
O livro de Atos não tem fechamento ou encerramento porque ele continua sendo escrito por nós, Igreja do século XXI. E que Atos 1.8 continue sendo a direção e a vontade de Deus para a nossa vida. Sendo assim, eu declaro que A VITÓRIA É NOSSA, PELO SANGUE DE JESUS!
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 19/05/15, EM http://catedralmetodista.org.br/colunas/sereis-minhas-testemunhas/

NEEMIAS, UM JOVEM SURPREENDENTE

Neemias, cujo nome significa “consolo do Senhor”, era um jovem judeu, cuja família foi deportada para a Babilônia, nasceu no cativeiro, mas seu coração estava ligado a Jerusalém, cidade Santa. Foi escolhido para trabalhar no Palácio Real, no tempo do rei Artaxerxes, no quadro funcional de seus seguranças, desfrutando da confiança do rei e da rainha pelo seu profissionalismo, seriedade e simpatia. Devia ser de boa aparência, forte, treinado para lutar, sábio, discreto e alcançou o importante cargo de COPEIRO DO REI, que não tem nada a ver com copos, mas sim um tipo especial de garçom e ao mesmo tempo segurança, que além de servir o rei e a rainha, provava, na frente deles, TUDO o que eles fossem comer ou beber, de modo que se houvesse algum veneno ou outra substância qualquer nos alimentos e bebidas, Neemias é quem morreria. Diante disto, Neemias tinha livre acesso para fiscalizar e supervisionar tudo que era servido ao rei e sua esposa, desde a compra, armazenamento, preparação dos cardápios, preparação dos alimentos para consumo, higienização dos utensílios, etc. É claro que Neemias, como homem de Deus, homem de jejuns, homem de oração, com autoridade espiritual, não iria colocar sua vida em risco todos os dias contando somente com a sorte. Sua confiança estava sempre no Deus da sua vida! Neste a gente pode confiar! Amém!
Certamente movido por Deus, Neemias enviou seu irmão Hanani a Jerusalém, com uma pequena comitiva, com a finalidade de lhe trazer notícias confiáveis. Tudo financiado por ele. No verso 3 do capítulo 1, Hanani prestou o seu relatório: “Os restantes que ficaram do cativeiro, lá na província, estão em grande aflição e opróbrio; também está derribado o muro de Jerusalém, e as suas portas queimadas a fogo”. Estas palavras caíram como uma bomba sobre Neemias. No verso 4 diz: “Tendo eu ouvido estas palavras, sentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias; e continuei a jejuar e orar perante o Deus do céu”. Neemias não exercia nenhum cargo político ou administrativo nem tinha qualquer responsabilidade sobre o que acontecia em Jerusalém, a não ser orar, como todo judeu, em qualquer tempo e lugar, pela PAZ em Jerusalém. Mas diz o texto bíblico: “e CONTINUEI a jejuar e orar perante o Deus do céu”. Isto quer dizer que Neemias levava muito a sério sua missão de “estar na brecha” a favor da cidade Santa e não se sentiu envergonhado de sentar-se para chorar e lamentar por alguns dias.
Portanto jejuar, orar e chorar perante o Deus do céu é um meio de graça poderoso para que Deus possa agir!
Agora vem a oração intercessória de Neemias, que está nos versos 5 a 11 do capítulo 1.
Neste tipo de oração a pessoa que está orando se coloca no lugar da que está recebendo a oração. Isto é muito sério! Neemias confessa pecados que ele não cometeu, coloca todos os verbos na segunda pessoa do plural (nós), se incluindo voluntariamente em todas as ações que precisam do perdão e da libertação de Deus. Termina a oração pedindo a mercê de Deus para o encontro com o rei.
Um Neemias transparente – quando entra na presença do rei para exercer o seu trabalho, ele não consegue esconder a sua preocupação. Seu rosto, seu semblante, denuncia ao rei que algo não vai bem (intimidade com o rei). Pressionado, ele conta tudo ao rei, de tal maneira que este fica sensibilizado e quando Neemias lhe pede para ir a Jerusalém ver pessoalmente o que podia fazer, o rei prontamente o permite (não sem antes dizer que ele vai fazer muita falta) e coloca a disposição tudo o que for necessário para a viagem, além de nomeá-lo governador de Judá.
Estamos diante de um jovem vitorioso na profissão, nos relacionamentos, nos seus pedidos e, posteriormente, vitorioso em todos os seus propósitos e realizações. E o que é surpreendente nesta história? Algumas opções de Neemias, tais como:
Não esconder de ninguém que é uma pessoa espiritual, sensível à ação do Espírito Santo, que chora, se quebranta e assume um posicionamento.
Ser capaz de abrir mão de uma situação material e financeira excelentes (bom emprego, bom salário, reconhecimento, estabilidade) a troco de nada, só por amor a Deus e à satisfação de estar fazendo a vontade de Deus. Quantos jovens, em qualquer das nossas igrejas, seriam capazes de agir como Neemias dentro da nossa realidade?
Ser capaz de investir, usando recursos próprios para custear todas as despesas; e a gente sabe o quanto isto é difícil!
Chamar para si toda a responsabilidade pelo pecado de todo o povo, implorando a intervenção de Deus e a liberação do seu perdão.
Concluindo – Queremos fazer uma comparação: Como Neemias, podemos ser valentes e destemidos, bons profissionais, ter um bom emprego, um bom patrão, uma boa assistência empresarial, e termos inclusive a indispensável proteção de Deus! Mas esta história de Neemias nos mostra que Deus quer mais de nós: que sejamos preocupados também com a nossa sociedade, que possamos investir no bem social, que sejamos capazes de chorar com os que choram, de jejuar e orar a favor de uma intervenção de Deus na nossa cidade, erguendo os muros espirituais contra toda operação do erro, contra a violência, contra o pecado, contra a prostituição, contra o tráfico de drogas, contra a corrupção, e agirmos conforme a capacidade e a disposição de cada um.
Que Deus nos abençoe abundantemente!
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 06/05/15, EM http://catedralmetodista.org.br/colunas/neemias-um-jovem-que-surpreende/

NÃO SENTE NA JANELA!

Paulo e sua equipe chegam à cidade chamada Trôade, uma cidade portuária, na Mísia. Eles estão encerrando a terceira viagem missionária. O texto de Atos 20.7-12 nos relata um acontecimento na Igreja. Mas certamente houve algo antes, em casa, que o texto não revela, mas nós podemos imaginar e é o que vamos apresentar na forma de uma pequena dinâmica teatral.
Êutico é um jovem adolescente de 14 ou 15 anos, que não curte muito ir à Igreja com a mãe. Era domingo, seria servida a Ceia do Senhor e estaria presente o Apóstolo Paulo e sua equipe, que estariam de regresso na segunda-feira, encerrando a terceira viagem Missionária. Aproximando-se a hora do culto, a mãe de Êutico manda ele se preparar para ir com ela ao culto. Temos então o seguinte diálogo:
Mãe – filho está quase na hora do culto. Vá se preparar, tomar banho e trocar de roupa.
Êutico – Ahhhhh! Mãe, não tô a fim de ir não!
Mãe – Como não? Temos um trato, lembra? Você vai comigo ao cultos e eu libero aquelas coisas que você me pediu.
Êutico – É, mas no trato você não falou que tinha culto quase toda noite!
Mãe – Isto não importa. Vamos, obedeça!
Êutico – Você nem imagina o esforço que tenho que fazer. Não tem mesmo outro jeito?
Mãe – Não! Anda, anda, vamos logo!
Êutico – Quem vai falar?
Mãe – Ah! É uma pessoa muito especial e muito importante para nós: o Apóstolo Paulo!
Êutico – O quê? Paulo? Ah! Mãe! Não faz isto comigo não. Cê não tem noção, ele fala muito, mas muito mesmo! E difícil! Tô fora!
Mãe – Que fora que nada, anda, vai se arrumar de uma vez!
Êutico, indo se arrumar e falando consigo mesmo: “Tá, eu vou, mas me aguarde”!
Narrador – Chegaram no local do culto, que era num terceiro andar e a Igreja já estava lotada. Êutico deu uma olhada geral, e com a desculpa de que havia pouco lugar, foi se assentar bem na janela. E mais uma vez, disse para si mesmo: Eu sou mais eu, meu nome é “Aventura”! E ninguém disse nada, nem fez nada! Como se um adolescente sentado na janela de um terceiro andar durante o culto fosse a coisa mais normal deste mundo!
Então, seguindo o texto bíblico, ficamos sabendo as consequências da malcriação e da teimosia por parte do jovem adolescente, e da omissão e até descaso por parte dos oficiais da igreja e da própria igreja, permitindo que aquele jovem se assentasse na janela, criando uma evidente situação de risco que não foi combatida e eliminada como deveria ser: o jovem cochila, cai e morre.
A narrativa do texto é literal, não é uma parábola nem uma historinha inventada, mas mesmo sendo um fato, podemos e devemos tirar conclusões comparativas para nós e para nossa igreja hoje.
Primeiro o sério problema da indisciplina: filhos sem limites, desobedientes, respondões, insubmissos e malcriados. Faz-se necessário que os pais reassumam o comando, tenham uma voz de autoridade, e restabeleçam a disciplina, custe o que custar. O padrão da Palavra de Deus é: eu digo vá e ele vai; eu digo venha e ele vem, sem discussão ou qualquer outra reação contrária. Filhos que não obedecem aos pais, não obedecem professores, não obedecem oficiais da igreja, nem ao pastor e muito menos a Deus, que eles não veem.
Segunda conclusão é a questão espiritual. Quantos Êuticos no nosso meio, que estão indo ao culto por obrigação, estão desmotivados, nada os atrai e estão indo se assentar na janela, emitindo sinais de que estão correndo o sério risco de cochilar, cair e morrer. E nós? Fazemos de conta que tudo está muito bem. E os Êuticos vão caindo, ficando pelo caminho e morrendo sem que alguém se importe.
O texto diz que o culto estava tão bom, a Palavra tão ungida, que Paulo foi se estendendo na mensagem até a meia noite. O culto virou uma vigília e isto é bênção! Mas os fracos não suportam isto, cochilam e caem.
Êutico cochilou profundamente, perdeu o equilíbrio, caiu da janela do terceiro andar e morreu. A narrativa é de Lucas, o médico. Se ele diz que o jovem morreu é porque morreu mesmo. E agora? O que fazer? O apóstolo Paulo vai nos ensinar:
Paulo parou a mensagem onde estava. Mais importante agora não era a pregação, mas a vida daquele jovem. Precisamos discernir a hora de parar tudo, para fazermos o que é necessário. Paulo priorizou o necessitado.
Paulo desceu as escadas até ao nível onde o jovem estava caído. Alí não era o Apóstolo, o doutor, a autoridade, o importante, mas o servo de Deus que vai ao encontro do necessitado.
Paulo se inclina e abraça o jovem, se envolvendo totalmente com ele.
Paulo teve coragem de correr o risco diante de todos os presentes.
Paulo declara que a vida estava no rapaz. Nada de dúvida ou pessimismo. Certeza!
A ação de Paulo foi pessoal e urgente, não podia deixar para depois.
Importante! Todos voltaram para o culto, inclusive e principalmente, Êutico; participaram da Santa Ceia e o culto foi até às seis horas da manhã.
Interessante: Êutico significa “sortudo”, “afortunado”. Cabe a nós agora motivar os desmotivados e recuperar os caídos!
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 24/04/15, EM http://catedralmetodista.org.br/colunas/nao-sente-na-janela/

QUANDO UMA INTERPRETAÇÃO ERRADA PÕE TUDO A PERDER

Números 13
No livro de Êxodo encontramos a narrativa de quando Deus tirou o seu povo da terra do Egito.
Primeiro Ele levantou Moisés e Arão como líderes e então enviou dez pragas, sendo que a décima foi a definitiva: a morte dos primogênitos. Os judeus desde este momento, todos os anos, no mundo inteiro, comemoram esta vitória com a celebração da Páscoa. É dia de muita alegria em todos os lares. Cumpre observar que muitas Igrejas Cristãs Evangélicas estão também participando desta festa adaptando o ritual onde se faz necessário.
Na sequência do texto bíblico vem a perseguição de Faraó, a abertura do Mar Vermelho, o povo passando para o outro lado a pé enxuto, o mar se fechando e Faraó com seu exército perecendo nas águas revoltas. Três dias de caminhada e chegam ao Monte Sinai onde permanecem por onze meses. Os acontecimentos deste período estão narrados de Êxodo 20 até o final do livro de Levítico. Passado esse período Deus orienta Moisés que levante um homem representante de cada tribo formando um grupo de 12 espias que deveriam ir até a terra prometida para observar tudo o que fosse possível, nos mínimos detalhes, fazendo então um relatório na presença de todo o povo.
Eles levaram 40 dias para ir e voltar. O relatório dos 12 era muito parecido no seu conteúdo, com observações muito interessantes. A terra era realmente muito boa, manava mesmo leite e mel, e os frutos, nunca tinham visto nada igual. Trouxeram amostra do que puderam, inclusive um cacho de uva carregado por dois homens com ajuda de um tronco de árvore. Mas era terra de gigantes enormes. Disseram que se viam como gafanhotos diante daqueles homens. Dez dos doze espias não estavam preparados para ver o que viram e além de ficarem apavorados, amedrontados, acovardados, tiraram conclusões erradas, dizendo que seriam totalmente destruídos com suas famílias. Desta forma, contaminaram todo o povo, pois em nenhum momento se lembraram do poder de Deus, do seu amor e cuidado, dos grandes livramentos que Ele já havia dado ao seu povo, especialmente na passagem do Mar Vermelho.
Quando Josué e Calebe conseguiram falar – e eles tinham a palavra certa, coerente, vitoriosa, a palavra que Deus queria que fosse considerada – não foram ouvidos, mas tidos como loucos. Então a situação ficou fora de controle e, o que é pior, o povo começou a murmurar contra Moisés, Arão e contra Deus. Três coisas aborrecem profundamente o nosso Deus: a murmuração, a desobediência e a idolatria! Deus ficou irado e por pouco o povo não foi totalmente consumido. A caminhada que estava próxima do fim, pois em poucas semanas estariam entrando em Canaã, ficou prejudicada. Então Deus disse a Moisés: com exceção de Josué e Calebe, que permaneceram fiéis, ninguém mais, dos que saíram do Egito, entrará na Terra Prometida, mas andarão pelo deserto pelo tempo necessário até que uma nova geração seja levantada. Quando os espias foram enviados, foi feita a contagem que indicou 600 mil homens. Quando chegasse novamente a este número com a nova geração, então estariam prontos para entrar em Canaã. A narrativa bíblica deste período está no livro de Números.
A pergunta é: o que isto tem a ver com a nossa vida espiritual/religiosa nestes dias?
Em primeiro lugar, em termos simbólicos, nós também saímos do mundo (Egito). Em segundo lugar, escravidão e opressão ficaram para trás! Terceiro, estamos numa caminhada abençoada para a Terra Prometida, a Canaã Celestial. Muitas experiências que o povo de Deus viveu no passado, estão sendo vividas por nós também. Jesus é o caminho! Muitas coisas poderiam ser aqui lembradas, mas vamos nos ater a missão dos doze espias.
São doze tribos, todos descendentes de Jacó. Entretanto, cada tribo tem a sua característica específica, mas todos são o Povo de Deus com a principal missão de mostrar ao mundo que o nosso Deus é o Deus Único e Verdadeiro! John Wesley criou uma frase interessante: “No não essencial, liberdade; no essencial, unidade e em tudo, caridade ou amor”. O povo de Deus não é marionete ou um robozinho, mas sim um povo esclarecido, com opiniões próprias, com sabedoria e discernimento e também humildade e obediência a Deus e à liderança.
Quando participamos de algum grupo, ministério e outros, somos todos de um mesmo time, vestimos a mesma camisa e chutamos para o mesmo gol. Podemos discordar até chegar a um denominador comum, a um consenso, mas jamais podemos murmurar e desobedecer a Deus e a liderança!
No caso dos 12 espias, a rejeição, murmuração, etc, trouxeram consequências drásticas para todos. Além disso, não temos que nos sentir “como gafanhotos” diante dos problemas ou diante de alguém que aparenta ser muito mais do que nós. Deus deu a Davi uma estratégia para lutar contra Golias: não se envolver numa luta braço a braço (ele seria esmagado!). Mas lutar à distância usando sua experiência com a funda, foi tiro e queda!
Não há o que temer! Não somos inferiores a ninguém, e além do mais, Deus está conosco!
Deus seja louvado.
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 13/04/15, EM http://catedralmetodista.org.br/colunas/quando-uma-interpretacao-errada-poe-tudo-a-perder/

LEVANTA-TE, TOMA O TEU LEITO, E ANDA!


O texto bíblico em Marcos 2:1-12 fala da cura de um paralítico. O verso 1 diz que “dias depois, entrou Jesus de novo em Cafarnaum, e logo correu (a notícia) que ele estava em casa.” O texto passa a nítida impressão de que Jesus gostava desta cidade como também de “estar em casa”. É muito provável que esta casa seja a casa da sogra de Pedro, um lugar muito especial onde Jesus se sentia como se estivesse na sua própria casa.
Então surge a pergunta: será que Jesus gosta da nossa cidade? Se não temos certeza ou achamos que não, o que fazer para que Ele passe a gostar? Eu aprendi que na vida espiritual tudo começa com oração; não a oração repetitiva, genérica, sem alma, mas a oração específica, no Espírito, que intercede pelo prefeito, pelo vice, pelos secretários, pelos funcionários da Prefeitura, pelas autoridades, juízes, promotores, delegados, contra a prostituição, contra a violência, contra os vícios, contra a corrupção, a favor do progresso da cidade, pelas entradas da cidade e muito mais! A mesma pergunta pode ser feita em relação a nossa casa? Será que Jesus gosta da nossa casa, ao ponto de se sentir à vontade? O que fazer para que seja assim?
O verso 2 diz que a notícia de que Jesus estava em casa correu rápido e muitos afluíram para lá e a casa ficou lotada de gente por dentro e por fora, e Jesus lhes anunciava a Palavra. Certamente haviam já experiências anteriores do povo daquela cidade com Jesus, e deviam ser experiências muito boas porque um número grande de pessoas se deslocou para ter com Jesus. Não havia nada organizado em termos de som, impressos, cartazes, convites, equipe de apoio, mas o povo foi para o lugar onde Jesus estava. Por quê? Porque Jesus era diferente dos outros pregadores; Ele não se promovia, mas anunciava a Palavra de Deus, com autoridade, com simplicidade, não para mostrar conhecimento, mas para transmitir conhecimento, falar de tal maneira que as pessoas entendam qual o plano de Deus para elas naquele momento. Além disto, havia, ainda, os sinais que acompanhavam a sua Palavra, principalmente cura e libertação.
A narrativa dos versos 3 e 4 fala de quatro homens daquela cidade que gostariam de estar lá na casa mas foram em outra direção bem diferente da casa de Pedro.
Certamente já tinham alguma experiência de cura com Jesus porque tinham certeza de que se conseguissem levar o amigo paralítico até Jesus, ele poderia ser totalmente curado. Não havia nada adequado para levar o doente até o lugar da reunião; resolveram leva-lo na própria cama. E assim saíram pelas ruas da cidade levando o amigo enfermo na própria cama, sem se importarem com que os outros pudessem falar. Chegando na casa, outro problema: como entrar com aquela cama na casa lotada de gente? Não tinha como! O normal seria desistirem da empreitada e dizerem para o amigo: “Olha, fizemos o que era possível, mas infelizmente não deu… fica pra próxima (haveria próxima?)”. Não! Não é isto que diz o texto. Os amigos não se entregaram à derrota, mas subiram ao terraço da casa, abriram uma passagem que coubesse a cama sem deixar o doente cair e desceram a cama com o auxilio de cordas, bem aonde Jesus estava. Isto é tremendo! A nossa experiência com Deus precisa gerar frutos, vidas que tem que ser levadas praticamente no colo até Jesus. Não podemos salvar, nem curar, nem libertar pessoas, mas Jesus pode e a nossa missão é levar as vidas até Ele, vencendo todos os desafios que se apresentarem. Se fizermos a nossa parte com fé e determinação, Jesus certamente fará a dele, que somente Ele pode fazer.
Verso 5 – Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: “Filho, os teus pecados estão perdoados”. Nossos atos podem demonstrar fé ou não, e é importante que mesmo sem palavras, as pessoas “vejam” a nossa fé. Pecados perdoados? – Oops! Pera aí! Mas não foi para isto que os quatro amigos tiveram tanto trabalho!
Calma! Jesus sempre sabe o que está fazendo e nós temos que esperar nele! O verso 6 diz que havia alguns escribas assentados ali na casa prestando atenção a tudo. Eram fariseus e doutores da Lei. Não foram ali aprender nada, mas foram com o intuito de fiscalizar. Jesus sabia disto mas não deu importância porque agora havia chegado o momento deles serem confrontados com o Messias. Jesus declarar o perdão de pecados, para os fariseus e judeus, de modo geral, era uma blasfêmia (v. 7) gravíssima, que podia ser punida exemplarmente.
No verso 8, Jesus demonstra aos fariseus que sabe o que eles estão pensando e no verso 9 faz a pergunta que eles jamais queriam ter ouvido: “Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: estão perdoados os teus pecados ou dizer: levanta-te, toma a tua cama e anda”? Para os escribas não havia escolha e Jesus nem dá tempo para eles pensarem numa resposta e no verso 10 diz: “Ora, para que vocês saibam que o Filho do Homem (Messias) tem toda autoridade sobre a terra para perdoar pecados, disse ao paralítico”: verso 11 – “Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para casa”. Verso 12 – “então o paralítico se levantou e, no mesmo instante, tomando o seu leito, retirou-se à vista de todos”.
O Espírito Santo pode nos dar uma revelação ou palavra de conhecimento sobre o que as pessoas estão pensando e nós temos que ter sabedoria para usar isto da maneira certa e no momento certo. “Para que vocês saibam”. Contra fatos não há argumentos: Jesus se identifica como aquele que tem todo o poder e que o principal ou mais importante não é a cura, mas o perdão, e para que tomem conhecimento do poder de Deus que opera Nele, dá a ordem de cura e no mesmo instante aquele que foi perdoado se levanta e não só anda, mas carrega a sua cama de volta para casa e todos dão Glória a Deus!
Concluindo:
– Jesus gosta da nossa cidade?
– Jesus gosta da nossa casa?
– O povo está afluindo às nossas reuniões?
– A Palavra de Deus é anunciada de maneira que as pessoas entendam?
– Os sinais acompanham a Palavra?
– Há vidas interessadas em apresentar seus amigos a Jesus para salvação, cura, libertação (ação missionária), dispostas a vencer todas as barreiras?
– Está havendo perdão no nosso meio?
– O nome de Jesus está sendo glorificado?
– O povo está dando Glória a Deus?
Amém!
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 06/04/15, EM http://catedralmetodista.org.br/colunas/levanta-te-toma-o-teu-leito-e-anda/

ESTER E A IGREJA QUE DEVEMOS SER

Um resumo da narrativa dos caps. 1 a 7 do livro de Ester...


Uma grande festa foi promovida pelo rei Assuero, cujo nome verdadeiro era Artaxerxes. Em determinado momento o rei pediu para seus auxiliares mais diretos irem aos aposentos da rainha Vasti e dizer-lhe que o rei solicitava a sua presença na festa, devidamente arrumada e paramentada, para apresentá-la aos seus convidados. Inesperadamente, Vasti disse simplesmente que não iria. Os conselheiros do rei ainda insistiram, mas Vasti se mostrou irredutível. O rei foi devidamente informado do ocorrido, e ele que tinha poderes de vida e de morte e podia determinar que Vasti fosse eliminada imediatamente, ficou muito irado e decepcionado, mas não tomou nenhuma medida precipitada. Reuniu os seus conselheiros e pediu ajuda. O conselho mais sábio determinava que Vasti ficasse proibida de ver o rei ou dirigir-se a ele.
Continuaria com todas as regalias, mas não veria mais o rei.
Passado algum tempo e baixada a poeira, foi sugerido ao rei que se convocasse as donzelas de todo o reino que quisessem se candidatar a rainha. Elas passariam por um processo de seleção e preparação, incluindo embelezamento etc, e o rei faria a escolha final. O rei gostou da ideia e aprovou a sugestão.
E aqui começa a história de Ester, cujo nome em hebraico é Hadassa, moça judia, e que por orientação do tio Mordecai (ou Mardoqueu), se inscreve como candidata a substituir Vasti, e por sua beleza e comportamento, cai na graça do eunuco chefe. Passou doze meses sendo preparada, sendo que por seis meses recebeu tratamento à base de mirra – bálsamo feito à base de uma florzinha miúda, aparentemente sem perfume, o qual só é percebido quando as pétalas da flor são vigorosamente trituradas. Ester foi considerada a mais bela e bem preparada das candidatas e foi a escolhida do rei para se casar com ele e tornar-se a nova rainha.
Após a escolha de Ester como nova rainha, seu tio Mordecai, passou a freqüentar as cercanias do palácio real, onde sempre conseguia informações sobre Ester. Em certa ocasião, ouviu dois soldados tramarem contra a vida do rei e passou a informação para Ester, a qual alertou a guarda palaciana, que através do seu comandante Hamã, confirmou tudo e os dois revoltosos foram enforcados ficando Hamã como o herói perante o rei.
Como Hamã se engrandeceu diante do rei, recebeu a honra de ser cumprimentado pelos súditos com a mesura, mesma reverência dedicada aos nobres, com todos se inclinando quando ele passava. Todos menos um, Mordecai, que por ser judeu não se prostraria diante de nenhum homem, mas somente diante de Deus. Isto chegou aos ouvidos de Hamã, que se encheu de ódio não somente por Mordecai, mas por todo o povo judeu e passou a tramar uma maneira de exterminar todos os judeus do império.
Aproveitando-se de gozar da confiança do rei, Hamã fala muito mal dos judeus inventando uma porção de mentiras e dizendo que este povo representava um perigo para o reino, que deveria ser eliminado e seus bens confiscados para o palácio. O rei acredita e lhe dá o seu anel de selar com total liberdade para elaborar um decreto de extermínio dos judeus, como bem desejasse.
Ester não ficou sabendo de nada, mas Mordecai e toda a população judia foram grandemente impactados e começam a clamar, jejuar e vestir pano de saco e pôr cinza sobre a cabeça para se humilhar diante de Deus. É desta forma que Mordecai tenta falar com Ester para pedir sua interferência junto ao rei e diz que agora entende que foi para este momento que Deus a colocou como rainha. Ester fica muito tocada, mas diz que por questões de segurança, não tem acesso ao rei a não ser que ele a chame a sua presença. Se for sem ser chamada, corre risco de vida dependendo apenas de o rei vê-la e lhe estender o seu cetro real.
Diante disto, propõe um jejum de 3 dias para todo o povo e então ela enfrentaria o risco de vida. Neste período, Deus a fortalece e lhe dá uma estratégia. No momento certo ela se apresenta no pátio da sala do trono, devidamente adornada com os trajes reais e o rei lhe estende o cetro de ouro e lhe pergunta o que deseja, prometendo lhe dar até metade do seu reino, se ela quiser. Ela então convida o rei e Hamã para um banquete em seus aposentos, o que é imediatamente aceito pelo rei e seu general. Neste banquete, Ester não revela ainda o que quer, mas marca outro banquete novamente com a presença do rei e Hamã, o que é aceito por Assuero.
Certa noite o rei estava com insônia e mandou que lessem para ele as crônicas do seu reino para ver se o sono voltava. O texto lido falava justamente da rebelião dos dois soldados que queriam matar o rei e foi denunciado por Mordecai. O rei perguntou se constava do relato alguma recompensa a Mordecai por ter livrado o rei. A resposta foi negativa, não fizeram nada. O rei manda chamar a Hamã e lhe pergunta como devia premiar alguém que o rei quisesse agradar por ter-lhe salvo a vida. Hamã, pensando se tratar dele mesmo, propõe um desfile pela cidade em vestes reais, com a coroa real e no cavalo do rei, com alguém proclamando: assim se faz a quem o rei deseja honrar! O rei aprova a sugestão e determina que Hamã faça exatamente como falou, com Mordecai!
Hamã se sentiu humilhado e afrontado e de tanta raiva mandou preparar uma forca para a execução de Mordecai.
Chega o dia do segundo banquete. O rei e seu general comparecem. Ester expõe ao rei o que está acontecendo como conseqüência do decreto de morte do povo judeu e revela que ela também é judia e que portanto está condenada a morte juntamente com seu povo, e tudo isto por causa da vaidade de um homem mau. O rei pergunta quem é este homem mau e ela aponta para Hamã, o qual acaba sendo enforcado na forca que havia preparado para Mordecai, que por sua vez passa a ter a consideração do rei.
Como o decreto do rei não pode se revogado, é elaborado um novo decreto que dá o direito aos judeus de se defenderem legalmente, havendo então um grande livramento para o povo de Deus, que mesmo com lutas recebe a vitória com muito júbilo e comemorações.
Conclusão:
Vasti – Mulher é geralmente tipo da Igreja; e a igreja tipificada por Vasti é a igreja que não está disponível, não é igreja serva, mas só faz o que quer, quando quer; não sabe o que é obediência nem dependência de Deus. Como punição, foi proibida de entrar na presença do rei. Mesmo continuando a morar no palácio perdeu totalmente o acesso ao rei. Vive de aparências, parece que é, mas não é! Há muitas vidas que se dizem igreja, mas não o são!
Ester – A igreja bonita mas humilde, simples, obediente, disposta, serva, que não vive somente para si mesma. Escolhida no lugar de Vasti, aproveitou bem o período de preparação. Seis meses tratada com mirra lhe ensinaram que o bom perfume tem um preço que é passar por momentos difíceis e suportar. Enquanto Vasti, chamada pelo rei, não compareceu, Ester, sem ser chamada, se preparou espiritualmente através do jejum e da oração, meios de graça dados por Deus para sua igreja e foi ao encontro do rei, mesmo sabendo que corria risco de vida. Mas ela foi acolhida com gestos e com palavras de carinho e teve livre acesso ao rei, à Sala do Trono, à Sala do Banquete e a todo o Palácio.
Mordecai – Tipo do Espírito Santo, foi quem Deus usou para levar Ester a ser rainha e assumir a responsabilidade de ser intercessora. Denunciou o que estava errado. Não se prostrou diante de homem. Sem aparecer, foi quem mais atuou a favor do povo de Deus.
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 20/03/15, EM http://catedralmetodista.org.br/colunas/ester-e-a-igreja-que-devemos-ser/

TRIGO OU JOIO?

Texto: Mt. 13.24-30; 36-43

Mateus 13 é o texto das parábolas, começando com a do Semeador, do Joio, do Grão de Mostarda, do Fermento, do Tesouro Escondido, da Pérola, e da Rede (de pescar). Era comum os rabis (mestres) usarem o recurso de contar parábolas – uma narrativa, uma pequena estória, de natureza alegórica, que serve de comparação com o que se quer ensinar. É um método de ensino que leva a pessoa apensar, raciocinar, desbloquear sua inteligência. Precisa ser interpretada. Jesus usou muito, e com maestria, este método de ensino, como que forçando seus seguidores a colocarem a cabeça para pensar.
Geralmente as pessoas querem tudo mastigadinho, nos mínimos detalhes, para só “engolir”.
Os discípulos perguntaram a Jesus: “por que lhes falas por parábolas”? Jesus respondeu: “porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido” (v.10-11). Quero destacar a expressão “mistérios do reino dos céus”, onde reino dos céus significa o reino ou mundo espiritual, e mistérios, o linguajar e as expressões espirituais deste reino incluindo aí as profecias, visões, sonhos, revelações, que se destinam à edificação da Igreja.
A parábola começa dizendo (v.24) que o reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente (de trigo) no seu campo. No reino espiritual há uma dinâmica da colheita que só pode funcionar havendo preparo do solo, semeadura da melhor qualidade, acompanhamento, com todo zelo e cuidado, até a colheita. A relação entre semeadura e colheita precisa ser melhor discernida porque a Palavra de Deus nos diz que se houver pouca semeadura, pouca será também a colheita.
O v. 25 inicia com a conjunção mas, que indica uma oposição ao que foi dito anteriormente. No reino espiritual temos um adversário que nos faz oposição noite e dia sem parar. O texto diz que enquanto os trabalhadores foram dormir, veio o inimigo e semeou joio no meio do trigo e retirou-se. O joio é uma planta que se confunde com o trigo, por isto é necessário aguardar a época da colheita, quando então o trigo se revela claramente. Isto fala da coexistência entre bons e maus, em todos os segmentos da sociedade, inclusive Igreja.
Quando o trigo cresceu produziu fruto e aí apareceu também o joio. Os trabalhadores questionaram o dono do campo e perguntaram: não era boa a semente? Donde vem, pois, joio? Um inimigo fez isto (v.28). No mundo espiritual não há enrolação, não há melindres, nem falsidade, nem medo da verdade.
O que é, é! O que não é, não é! Isto nos mostra que não basta trabalhar e dormir. É necessário, muitas vezes, orar e vigiar, resistir ao inimigo, não aceitar suas artimanhas, discernindo, com a ajuda do Espírito Santo, a procedência do que acontece ao nosso redor, em casa, no trabalho, na escola, na rua e até na Igreja, pois não existe comunidade que seja só de “trigos”.
Ainda no v.28 os trabalhadores perguntam: quer que arranquemos o joio? Não! Porque ao separar o joio pode ser que arranquem também o trigo. Deixai-os crescer juntos até a colheita (v.30) quando então direi: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado, mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro.
Aqui a parábola nos revela que não podemos ser precipitados. Alguns queriam logo arrancar o joio, mas iam acabar arrancando também o trigo sem perceber. É preciso ter sabedoria e aguardar o momento certo para fazer o que tem que ser feito.
É preciso colocar a cabeça para pensar, raciocinar, desbloquear a inteligência. Este era um dos objetivos do Senhor Jesus.
Deus nos abençoe! Amém!
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM  04/03/15, EM  http://catedralmetodista.org.br/colunas/trigo-ou-joio/

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

SEJA FEITO CONFORME A TUA FÉ!

Texto: Mt. 8.7-13 e Lc.7.1-10
A história da cura do servo do centurião romano é narrada em dois evangelhos, Mateus e Lucas, com pequenas diferenças que não atrapalham o entendimento. Mateus diz que o próprio centurião procurou Jesus e intercedeu por seu criado. Lucas informa que o centurião solicitou aos anciãos que intercedessem por ele junto a Jesus, pelo fato de serem testemunhas de que, como prosélito da religião judaica, ele havia doado recursos para a construção da sinagoga da cidade. O nome do centurião e do seu criado não aparece nas narrativas. Centurião é o oficial do exército romano que comanda um grupo de cem soldados (uma centúria). Deve corresponder hoje a patente de capitão do Exército. É muito significativo que este importante cidadão romano creia no Deus de Israel e assuma isto publicamente e também creia que Jesus é o Messias, cuja autoridade não conhece limites no céu, na terra e no mar.
Aplicação: toda e qualquer cura começa com a nossa fé em Deus e no Senhor Jesus, o Messias. Fé pública, fé assumida diante de quem quer que seja.
A enfermidade
O texto diz que o criado estava paralítico e que sofria horrivelmente.
No meu entendimento este “sofrer horrivelmente” significa muita dor, uma das características do câncer. É tão terrível que afeta profundamente também quem está por perto, tendo em vista não ter o que fazer para amenizar a dor. Hoje em dia existem medicamentos fortíssimos que aliviam a dor, ainda que temporariamente, mesmo assim com efeitos secundários.
Aplicação: Não existe qualquer enfermidade, por mais grave e difícil que seja, que não possa ser curada pelo Senhor Jesus.
O pedido intercessório
O verso 6 é tremendamente objetivo e direto – 12 palavras:  Senhor, o meu criado jaz em casa, de cama. Paralítico, sofrendo horrivelmente.
Aplicação: não é pelo muito falar, mas pelo pronunciar as palavras certas, com humildade, com sinceridade e inspiradas pelo Espírito Santo.
A resposta imediata de Jesus
Verso 7 – são apenas 3 palavras! “Eu irei curá-lo”
Aplicação: Jesus não enrola ninguém. Ele tem uma resposta certa para cada um de nós e também vai direto ao ponto.
Uma atitude inusitada
O centurião romano não se acha digno, em termos espirituais, de receber Jesus em sua casa. Além disto, ele conhece muito bem na teoria e na prática o princípio da obediência e da autoridade outorgada. “Eu”, diz o centurião, “por força da minha patente, exerço plena autoridade sobre os que estão sob o meu comando. Creio que Jesus, que tem toda a autoridade, não precisa ir a minha casa; basta que diga, daqui mesmo, uma palavra de poder e autoridade e meu criado ficará curado”.
Aplicação: a atitude deste homem agradou muito a Jesus porque além de fé, ele tinha experiência de comando e obediência, para cima e para baixo e soube trazer isto para a vida espiritual. Todos nós temos algum tipo de experiência na vida profissional e pessoal, mas nem sempre sabemos usar esta experiência na nossa vida espiritual. É preciso ter fé sim, mas, se possível, enriquecer a nossa fé com aquilo que temos aprendido de bom no dia a dia da nossa caminhada. Cumpre ainda acrescentar que o militar recebe treinamento para fazer corretamente tudo o que se espera que ele faça. Como seria proveitoso se os pais, professores e igreja nos dessem também o treinamento necessário para fazermos corretamente tudo que é necessário que façamos.
A confirmação da bênção – Palavra de autoridade e poder
Verso 13 – “Vai-te, e seja feito conforme a tua fé”.
Aplicação: Na mesma hora o criado foi curado. Com Jesus, as coisas acontecem exatamente como devem, porque Ele está no controle de tudo.
Toda glória seja dada ao Senhor! Amém.
Publicado originalmente em 19/02/2015, em http://catedralmetodista.org.br/colunas/seja-feito-conforme-a-tua-fe/