Mateus 13 é o texto das parábolas, começando com a do Semeador, do Joio, do Grão de Mostarda, do Fermento, do Tesouro Escondido, da Pérola, e da Rede (de pescar). Era comum os rabis (mestres) usarem o recurso de contar parábolas – uma narrativa, uma pequena estória, de natureza alegórica, que serve de comparação com o que se quer ensinar. É um método de ensino que leva a pessoa apensar, raciocinar, desbloquear sua inteligência. Precisa ser interpretada. Jesus usou muito, e com maestria, este método de ensino, como que forçando seus seguidores a colocarem a cabeça para pensar.
Geralmente as pessoas querem tudo mastigadinho, nos mínimos detalhes, para só “engolir”.
Os discípulos perguntaram a Jesus: “por que lhes falas por parábolas”? Jesus respondeu: “porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido” (v.10-11). Quero destacar a expressão “mistérios do reino dos céus”, onde reino dos céus significa o reino ou mundo espiritual, e mistérios, o linguajar e as expressões espirituais deste reino incluindo aí as profecias, visões, sonhos, revelações, que se destinam à edificação da Igreja.
A parábola começa dizendo (v.24) que o reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente (de trigo) no seu campo. No reino espiritual há uma dinâmica da colheita que só pode funcionar havendo preparo do solo, semeadura da melhor qualidade, acompanhamento, com todo zelo e cuidado, até a colheita. A relação entre semeadura e colheita precisa ser melhor discernida porque a Palavra de Deus nos diz que se houver pouca semeadura, pouca será também a colheita.
O v. 25 inicia com a conjunção mas, que indica uma oposição ao que foi dito anteriormente. No reino espiritual temos um adversário que nos faz oposição noite e dia sem parar. O texto diz que enquanto os trabalhadores foram dormir, veio o inimigo e semeou joio no meio do trigo e retirou-se. O joio é uma planta que se confunde com o trigo, por isto é necessário aguardar a época da colheita, quando então o trigo se revela claramente. Isto fala da coexistência entre bons e maus, em todos os segmentos da sociedade, inclusive Igreja.
Quando o trigo cresceu produziu fruto e aí apareceu também o joio. Os trabalhadores questionaram o dono do campo e perguntaram: não era boa a semente? Donde vem, pois, joio? Um inimigo fez isto (v.28). No mundo espiritual não há enrolação, não há melindres, nem falsidade, nem medo da verdade.
O que é, é! O que não é, não é! Isto nos mostra que não basta trabalhar e dormir. É necessário, muitas vezes, orar e vigiar, resistir ao inimigo, não aceitar suas artimanhas, discernindo, com a ajuda do Espírito Santo, a procedência do que acontece ao nosso redor, em casa, no trabalho, na escola, na rua e até na Igreja, pois não existe comunidade que seja só de “trigos”.
Ainda no v.28 os trabalhadores perguntam: quer que arranquemos o joio? Não! Porque ao separar o joio pode ser que arranquem também o trigo. Deixai-os crescer juntos até a colheita (v.30) quando então direi: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado, mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro.
Aqui a parábola nos revela que não podemos ser precipitados. Alguns queriam logo arrancar o joio, mas iam acabar arrancando também o trigo sem perceber. É preciso ter sabedoria e aguardar o momento certo para fazer o que tem que ser feito.
É preciso colocar a cabeça para pensar, raciocinar, desbloquear a inteligência. Este era um dos objetivos do Senhor Jesus.
Deus nos abençoe! Amém!
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 04/03/15, EM http://catedralmetodista.org.br/colunas/trigo-ou-joio/
Nenhum comentário:
Postar um comentário