Neemias, cujo nome significa “consolo do Senhor”, era um jovem judeu, cuja família foi deportada para a Babilônia, nasceu no cativeiro, mas seu coração estava ligado a Jerusalém, cidade Santa. Foi escolhido para trabalhar no Palácio Real, no tempo do rei Artaxerxes, no quadro funcional de seus seguranças, desfrutando da confiança do rei e da rainha pelo seu profissionalismo, seriedade e simpatia. Devia ser de boa aparência, forte, treinado para lutar, sábio, discreto e alcançou o importante cargo de COPEIRO DO REI, que não tem nada a ver com copos, mas sim um tipo especial de garçom e ao mesmo tempo segurança, que além de servir o rei e a rainha, provava, na frente deles, TUDO o que eles fossem comer ou beber, de modo que se houvesse algum veneno ou outra substância qualquer nos alimentos e bebidas, Neemias é quem morreria. Diante disto, Neemias tinha livre acesso para fiscalizar e supervisionar tudo que era servido ao rei e sua esposa, desde a compra, armazenamento, preparação dos cardápios, preparação dos alimentos para consumo, higienização dos utensílios, etc. É claro que Neemias, como homem de Deus, homem de jejuns, homem de oração, com autoridade espiritual, não iria colocar sua vida em risco todos os dias contando somente com a sorte. Sua confiança estava sempre no Deus da sua vida! Neste a gente pode confiar! Amém!
Certamente movido por Deus, Neemias enviou seu irmão Hanani a Jerusalém, com uma pequena comitiva, com a finalidade de lhe trazer notícias confiáveis. Tudo financiado por ele. No verso 3 do capítulo 1, Hanani prestou o seu relatório: “Os restantes que ficaram do cativeiro, lá na província, estão em grande aflição e opróbrio; também está derribado o muro de Jerusalém, e as suas portas queimadas a fogo”. Estas palavras caíram como uma bomba sobre Neemias. No verso 4 diz: “Tendo eu ouvido estas palavras, sentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias; e continuei a jejuar e orar perante o Deus do céu”. Neemias não exercia nenhum cargo político ou administrativo nem tinha qualquer responsabilidade sobre o que acontecia em Jerusalém, a não ser orar, como todo judeu, em qualquer tempo e lugar, pela PAZ em Jerusalém. Mas diz o texto bíblico: “e CONTINUEI a jejuar e orar perante o Deus do céu”. Isto quer dizer que Neemias levava muito a sério sua missão de “estar na brecha” a favor da cidade Santa e não se sentiu envergonhado de sentar-se para chorar e lamentar por alguns dias.
Portanto jejuar, orar e chorar perante o Deus do céu é um meio de graça poderoso para que Deus possa agir!
Agora vem a oração intercessória de Neemias, que está nos versos 5 a 11 do capítulo 1.
Neste tipo de oração a pessoa que está orando se coloca no lugar da que está recebendo a oração. Isto é muito sério! Neemias confessa pecados que ele não cometeu, coloca todos os verbos na segunda pessoa do plural (nós), se incluindo voluntariamente em todas as ações que precisam do perdão e da libertação de Deus. Termina a oração pedindo a mercê de Deus para o encontro com o rei.
Um Neemias transparente – quando entra na presença do rei para exercer o seu trabalho, ele não consegue esconder a sua preocupação. Seu rosto, seu semblante, denuncia ao rei que algo não vai bem (intimidade com o rei). Pressionado, ele conta tudo ao rei, de tal maneira que este fica sensibilizado e quando Neemias lhe pede para ir a Jerusalém ver pessoalmente o que podia fazer, o rei prontamente o permite (não sem antes dizer que ele vai fazer muita falta) e coloca a disposição tudo o que for necessário para a viagem, além de nomeá-lo governador de Judá.
Estamos diante de um jovem vitorioso na profissão, nos relacionamentos, nos seus pedidos e, posteriormente, vitorioso em todos os seus propósitos e realizações. E o que é surpreendente nesta história? Algumas opções de Neemias, tais como:
Não esconder de ninguém que é uma pessoa espiritual, sensível à ação do Espírito Santo, que chora, se quebranta e assume um posicionamento.
Ser capaz de abrir mão de uma situação material e financeira excelentes (bom emprego, bom salário, reconhecimento, estabilidade) a troco de nada, só por amor a Deus e à satisfação de estar fazendo a vontade de Deus. Quantos jovens, em qualquer das nossas igrejas, seriam capazes de agir como Neemias dentro da nossa realidade?
Ser capaz de investir, usando recursos próprios para custear todas as despesas; e a gente sabe o quanto isto é difícil!
Chamar para si toda a responsabilidade pelo pecado de todo o povo, implorando a intervenção de Deus e a liberação do seu perdão.
Concluindo – Queremos fazer uma comparação: Como Neemias, podemos ser valentes e destemidos, bons profissionais, ter um bom emprego, um bom patrão, uma boa assistência empresarial, e termos inclusive a indispensável proteção de Deus! Mas esta história de Neemias nos mostra que Deus quer mais de nós: que sejamos preocupados também com a nossa sociedade, que possamos investir no bem social, que sejamos capazes de chorar com os que choram, de jejuar e orar a favor de uma intervenção de Deus na nossa cidade, erguendo os muros espirituais contra toda operação do erro, contra a violência, contra o pecado, contra a prostituição, contra o tráfico de drogas, contra a corrupção, e agirmos conforme a capacidade e a disposição de cada um.
Que Deus nos abençoe abundantemente!
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 06/05/15, EM http://catedralmetodista.org.br/colunas/neemias-um-jovem-que-surpreende/
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