Paulo e sua equipe chegam à cidade chamada Trôade, uma cidade portuária, na Mísia. Eles estão encerrando a terceira viagem missionária. O texto de Atos 20.7-12 nos relata um acontecimento na Igreja. Mas certamente houve algo antes, em casa, que o texto não revela, mas nós podemos imaginar e é o que vamos apresentar na forma de uma pequena dinâmica teatral.
Êutico é um jovem adolescente de 14 ou 15 anos, que não curte muito ir à Igreja com a mãe. Era domingo, seria servida a Ceia do Senhor e estaria presente o Apóstolo Paulo e sua equipe, que estariam de regresso na segunda-feira, encerrando a terceira viagem Missionária. Aproximando-se a hora do culto, a mãe de Êutico manda ele se preparar para ir com ela ao culto. Temos então o seguinte diálogo:
Mãe – filho está quase na hora do culto. Vá se preparar, tomar banho e trocar de roupa.
Êutico – Ahhhhh! Mãe, não tô a fim de ir não!
Mãe – Como não? Temos um trato, lembra? Você vai comigo ao cultos e eu libero aquelas coisas que você me pediu.
Êutico – É, mas no trato você não falou que tinha culto quase toda noite!
Mãe – Isto não importa. Vamos, obedeça!
Êutico – Você nem imagina o esforço que tenho que fazer. Não tem mesmo outro jeito?
Mãe – Não! Anda, anda, vamos logo!
Êutico – Quem vai falar?
Mãe – Ah! É uma pessoa muito especial e muito importante para nós: o Apóstolo Paulo!
Êutico – O quê? Paulo? Ah! Mãe! Não faz isto comigo não. Cê não tem noção, ele fala muito, mas muito mesmo! E difícil! Tô fora!
Mãe – Que fora que nada, anda, vai se arrumar de uma vez!
Êutico, indo se arrumar e falando consigo mesmo: “Tá, eu vou, mas me aguarde”!
Narrador – Chegaram no local do culto, que era num terceiro andar e a Igreja já estava lotada. Êutico deu uma olhada geral, e com a desculpa de que havia pouco lugar, foi se assentar bem na janela. E mais uma vez, disse para si mesmo: Eu sou mais eu, meu nome é “Aventura”! E ninguém disse nada, nem fez nada! Como se um adolescente sentado na janela de um terceiro andar durante o culto fosse a coisa mais normal deste mundo!
Então, seguindo o texto bíblico, ficamos sabendo as consequências da malcriação e da teimosia por parte do jovem adolescente, e da omissão e até descaso por parte dos oficiais da igreja e da própria igreja, permitindo que aquele jovem se assentasse na janela, criando uma evidente situação de risco que não foi combatida e eliminada como deveria ser: o jovem cochila, cai e morre.
A narrativa do texto é literal, não é uma parábola nem uma historinha inventada, mas mesmo sendo um fato, podemos e devemos tirar conclusões comparativas para nós e para nossa igreja hoje.
Primeiro o sério problema da indisciplina: filhos sem limites, desobedientes, respondões, insubmissos e malcriados. Faz-se necessário que os pais reassumam o comando, tenham uma voz de autoridade, e restabeleçam a disciplina, custe o que custar. O padrão da Palavra de Deus é: eu digo vá e ele vai; eu digo venha e ele vem, sem discussão ou qualquer outra reação contrária. Filhos que não obedecem aos pais, não obedecem professores, não obedecem oficiais da igreja, nem ao pastor e muito menos a Deus, que eles não veem.
Segunda conclusão é a questão espiritual. Quantos Êuticos no nosso meio, que estão indo ao culto por obrigação, estão desmotivados, nada os atrai e estão indo se assentar na janela, emitindo sinais de que estão correndo o sério risco de cochilar, cair e morrer. E nós? Fazemos de conta que tudo está muito bem. E os Êuticos vão caindo, ficando pelo caminho e morrendo sem que alguém se importe.
O texto diz que o culto estava tão bom, a Palavra tão ungida, que Paulo foi se estendendo na mensagem até a meia noite. O culto virou uma vigília e isto é bênção! Mas os fracos não suportam isto, cochilam e caem.
Êutico cochilou profundamente, perdeu o equilíbrio, caiu da janela do terceiro andar e morreu. A narrativa é de Lucas, o médico. Se ele diz que o jovem morreu é porque morreu mesmo. E agora? O que fazer? O apóstolo Paulo vai nos ensinar:
Paulo parou a mensagem onde estava. Mais importante agora não era a pregação, mas a vida daquele jovem. Precisamos discernir a hora de parar tudo, para fazermos o que é necessário. Paulo priorizou o necessitado.
Paulo desceu as escadas até ao nível onde o jovem estava caído. Alí não era o Apóstolo, o doutor, a autoridade, o importante, mas o servo de Deus que vai ao encontro do necessitado.
Paulo se inclina e abraça o jovem, se envolvendo totalmente com ele.
Paulo teve coragem de correr o risco diante de todos os presentes.
Paulo declara que a vida estava no rapaz. Nada de dúvida ou pessimismo. Certeza!
A ação de Paulo foi pessoal e urgente, não podia deixar para depois.
Importante! Todos voltaram para o culto, inclusive e principalmente, Êutico; participaram da Santa Ceia e o culto foi até às seis horas da manhã.
Interessante: Êutico significa “sortudo”, “afortunado”. Cabe a nós agora motivar os desmotivados e recuperar os caídos!
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 24/04/15, EM http://catedralmetodista.org.br/colunas/nao-sente-na-janela/
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